Parece que chegou a hora de acender a discussão sobre um dos temas mais importantes da saúde pública: o tabagismo.

De cigarros a narguilés, esse hábito prejudicial está causando estragos em escala global, resultando em milhões de vidas perdidas a cada ano. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo não é apenas um mau hábito, mas sim uma doença crônica séria, sendo a principal causa de morte evitável em todo o mundo.

No dia 31 de maio, celebramos o Dia Mundial sem Tabaco. Instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1987, essa iniciativa visa sensibilizar a população sobre os problemas de saúde associados ao tabagismo e destacar os riscos relacionados ao consumo de tabaco.

Já o 29 de agosto é o Dia Nacional de Combate ao Fumo. Criado pela Lei Federal nº 7.488 em 1986, este dia tem como objetivo sensibilizar e mobilizar a população sobre os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco.

Quais são as formas de uso do tabaco? Nos mercados nacional e internacional, há uma variedade de itens derivados do tabaco que podem ser usados de diversas formas: fumado, inalado, aspirado, mascado ou absorvido pela mucosa oral. Todos os produtos à base de tabaco contêm nicotina, substância que pode causar dependência e aumentar o risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DNCT). No Brasil, a forma predominante do uso do tabaco é fumado.

Por que tantas pessoas continuam fumando? A resposta está na nicotina, uma substância poderosa e viciante que produz alterações no sistema nervoso central (SNC), modificando o estado emocional e comportamental do fumante. Esta vilã não apenas causa dependência física, mas também exerce um controle poderoso sobre as mentes dos fumantes, dificultando ainda mais a batalha para abandonar o vício.

O que te leva a acender um cigarro?

A busca pelo prazer, a influência do meio social e a curiosidade são apenas alguns dos motivos que levam alguém a experimentar o tabaco. A influência dos pais, amigos e até mesmo ídolos desempenha um papel crucial. Adicione a isso a disponibilidade do produto, seja por venda ilegal a menores de idade ou publicidade persuasiva, e você tem uma receita para o aumento do consumo.

No Brasil, a publicidade direta de cigarros está proibida desde 1996. Medidas restritivas à publicidade, junto com legislações, políticas econômicas e educativas, têm se mostrado eficazes para reduzir o consumo de tabaco.

Vantagens de Largar o Cigarro

Deixar de fumar não é apenas um alívio para a saúde, mas uma nova chance de vida. Em pouco tempo, seu corpo começa a se recuperar:

  • 20 minutos: pressão arterial e pulsação normalizam.
  • 2 horas: a nicotina já não circula no sangue.
  • 8 horas: os níveis de oxigênio se estabilizam.
  • 12 a 24 horas: melhora na função pulmonar.
  • 2 dias: o olfato e o paladar se intensificam.
  • 3 semanas: a respiração fica mais fácil e melhora a circulação sanguínea.
  • 1 ano: o risco de infarto reduz pela metade.
  • 10 anos: o risco de doenças cardíacas se iguala ao de não fumantes.

Enfrentando os Desafios: Sintomas de Abstinência 

Parar de fumar é uma jornada desafiadora, repleta de obstáculos e sintomas desconfortáveis que muitos ex-fumantes enfrentam durante o processo de abstinência. Alguns desses sintomas podem incluir dor de cabeça, tontura, irritabilidade, agressividade, alterações no sono, dificuldade de concentração, tosse e indisposição gástrica. Esses são sinais reveladores da síndrome de abstinência da nicotina, embora seja importante ressaltar que nem todos os que abandonam o tabagismo os experimentam.

É fundamental compreender que esses sintomas tendem a diminuir gradualmente ao longo do tempo, desaparecendo geralmente dentro de uma a duas semanas, embora em alguns casos possam persistir por até quatro semanas.

Um dos desafios mais intensos é a conhecida “fissura”, uma forte vontade de fumar que pode surgir repentinamente. No entanto, é reconfortante saber que esse desejo geralmente dura apenas cerca de cinco minutos e diminui em intensidade ao longo do tempo, com intervalos cada vez maiores entre um episódio e outro.

Os Perigos do Tabagismo Passivo

Não são apenas os fumantes que sofrem as consequências do tabagismo; os fumantes passivos, aqueles que inalam a fumaça de cigarros de outras pessoas, também enfrentam sérios riscos à saúde. A exposição à fumaça do tabaco pode causar doenças respiratórias. As crianças são os principais indivíduos expostos à poluição pelo fumo dos adultos, muitas vezes pelos próprios pais.

Além disso, o tabagismo passivo pode começar ainda na fase intrauterina. Gestantes submetidas ao fumo passivo aumentam as chances do bebê nascer com baixo peso, apresentar defeitos congênitos, sofrer aborto espontâneo ou nascer prematuro. Mesmo após o nascimento, lactentes expostos à nicotina durante a amamentação, por meio do leite materno, podem desenvolver sintomas de intoxicação.

Crianças expostas à fumaça do tabaco têm maior probabilidade de desenvolver doenças respiratórias e adoecer duas vezes mais do que os filhos de não fumantes. Proteger os não fumantes da exposição à fumaça do tabaco é crucial para a saúde pública e para garantir um futuro mais saudável para nossas crianças.

Cigarro eletrônico e Narguilé

O cigarro eletrônico e o narguilé são produtos que contribuem para a iniciação do uso do cigarro comum e carregam danos à saúde ainda mais preocupantes. De acordo com a OMS, o uso do narguilé é mais prejudicial que o cigarro comum, uma sessão de 20 a 80 minutos de narguilé equivale à exposição à fumaça tóxica presente em 100 cigarros. Além disso, o uso coletivo e o compartilhamento do bocal podem contribuir para a exposição a doenças virais, como herpes e hepatite C, e bacterianas, como a tuberculose.

Não se deixe enganar pelos mitos: cigarro eletrônico e narguilé não são alternativas seguras ao cigarro tradicional. É hora de conscientizar sobre os perigos reais que esses produtos representam para a nossa saúde e para a saúde daqueles ao nosso redor.

Tratando o Tabagismo

O tratamento contra o hábito de fumar deve ser abrangente e acessível. Felizmente, no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito, incluindo terapias comportamentais e medicamentos, como terapia de reposição de nicotina e bupropiona.  Converse com um profissional de saúde, como seu médico ou farmacêutico. Os farmacêuticos podem prescrever medicamentos isentos de prescrição (MIPs) para a dependência do tabaco e os sintomas da síndrome de abstinência de nicotina, conforme disposto na IN 120/2022. Entre os MIPs estão adesivos transdérmicos, pastilhas e gomas de mascar.

E, para aqueles que enfrentam a temida síndrome de abstinência, lembrem-se: os primeiros dias são os mais difíceis, mas com o tempo, os sintomas diminuem.

Diga Não ao Tabaco, Diga Sim à Vida

O tabagismo é uma batalha, mas com intervenções eficazes e apoio adequado, é possível vencer. É hora de conscientizar sobre os perigos do tabaco e fornecer os recursos necessários para quem deseja largar esse hábito prejudicial. Juntos, podemos dar adeus ao tabagismo e dar as boas-vindas a uma vida mais saudável.

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Referências

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